Profº Roberto Fernandes -- Arte digital, criação e animação de personagem virtual

29/10/2011 18:38

            Hoje, o Instituto Federal de Alagoas – Campus Palmeira dos Índios (IFAL) possui vários projetos de pesquisa, com diferentes propósitos para poder, de alguma forma, beneficiar a sociedade. O projeto de pesquisa consiste numa importante etapa da produção científica por parte do aluno. É nele que o estudante esboça, delimita e expõe ao/com professor/orientador seu objeto de estudo eleito, explicitando o tipo de abordagem que pretender dar ao assunto sobre o qual discorrerá. Isso feito, como o próprio no me já diz, discentes juntamente com o professor/orientador, desenvolverão um pesquisa no determinado âmbito que escolheram.        

            A pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem como metas principais gerar novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento pré-existente. É basicamente um processo de aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve.Partindo da definição supracitada, têm-se quando se efetua pesquisa o crescimento individual e o crescimento do ambiente de circunda a pesquisa, nesse caso a instituição.    

            Roberto Fernandes é Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL). Licenciado em Desenho e Especializado em Engenharia Ambiental, leciona nas disciplinas Desenho Técnico, CAD e Planejameto Arquitetônico. Atualmente desenvolve pesquisa em Arte Digital, Criação e Animação de Personagem Virtual no campus Palmeira dos Índios. Hoje, juntamente com ele, o grupo é formado por 12 participantes, sendo eles: dois professores, dois bolsistas e oito pesquisadores voluntários.   
 

A animação
 

            No Brasil, as animações são ainda recentes. No final do século passado o país realizou algumas animações em pequena escala e sem muita continuidade. Na década de 50 Anélio Lattini Filho lançou sem a ajuda de outros desenhistas, a Sinfonia Amazônica, primeiro longa-metragem filmado em preto e branco feito no país, que levou seis anos para ser concluído. Nos anos de 1960, a animação ganha espaço principalmente na propaganda e publicidade, contribuindo para o surgimento dos primeiros profissionais brasileiros da área.

           As animações em cores começaram a surgir a partir da década de 70 e ainda eram trabalhos individuais de desenhistas e artistas que trabalhavam como chargistas ou em agências de publicidade. No entanto, não existiam incentivos do governo ou de empresas para essas criações o que acabou dificultando a realização de novos trabalhos.

 

            A animação ganhou espaço no Brasil a partir da década de 90. Com o auxilio da computação gráfica, as etapas de criação ficaram mais curtas e em 1996, o animador Clóvis Vieira lançou Cassiopéia, primeira animação brasileira realizada com a ajuda de recursos gráficos computacionais, produzida no estúdio NBR Filmes. Muitos artistas brasileiros participaram de grandes sucessos de animação exibidos nos cinemas do mundo todo como, por exemplo, A Era do Gelo, Robôs, dentre outros.



Para entendermos melhor o projeto, vamos ver algumas perguntas respondidas pelo professor-orientador e idealizador da ideia:


1. Qual a proposta do projeto pesquisa? O que pretende alcançar/desenvolver?

           A proposta é desenvolver um centro de estudos em criação e animação de personagens virtuais, aprimorando o os pesquisadores no uso de poderosos softwares 3D. No âmbito da pesquisa, pretendemos alcançar o domínio do universo 3D para, a partir daí, criar pontes tecnológicas com as mais diversificadas áreas do saber, como medicina, cinema, educação, etc. Nesses dois anos em que concluiremos a pesquisa, esperamos ter uma bagagem que nos permita alçar vôos mais longos no cinema de animação, domínio e desenvolvimento de programas 3D.


2. O que o levou a criar esse projeto?

           O mercado escasso de tecnologias desse porte no Nordeste é o principal foco, além da grande colaboração da pesquisa para o desenvolvimento pessoal, abrindo aos pesquisadores um grande leque de atuação no mercado de trabalho. Este projeto, trará futuras contribuições em tecnologia 3D para o estado de Alagoas.

 

3. Por quais meios a pesquisa é desenvolvida e a que passo anda seu desenvolvimento?

          A pesquisa está sendo desenvolvida através de uso de computadores e softwares 3D além de equipamentos usados para animação. As dificuldades financeiras acabam não possibilitando o andamento do projeto, uma vez que a capacitação e treinamento dos pesquisadores se fazem necessárias como também a aquisição de novas tecnologias que sirvam de suporte para os pesquisadores. No entanto, estamos ultrapassando essas barreiras e alcançando os resultados esperados. É uma pena que o IFAL não reconhece como séria as pesquisas realizadas nos seus campi, e acaba esquecendo de fomentar verdadeiros projetos acadêmicos.

 
 A figura acima provém de um trabalho do grupo com a antiga, mas ainda muito usada, técnica de stopmotion
 

Umas das modelagens em andamento feitas no Blender pelo grupo.


4. Qual é a importância do projeto para a comunidade escolar ou até mesmo para a sociedade?

            Ainda é cedo para falar de resultados concretos, mais é assegurado o desenvolvimento intelectual das pessoas envolvidas no processo e que servirão como multiplicadores do saber para uma grande quantidade de pessoas no âmbito escolar. Em médio e longo prazo, a pesquisa implicará em grandes intervenções no mercado local e na região, uma vez que poderá contribuir com soluções para vários problemas nas mais diversas áreas de atuação.
 

O projeto além da sala do Instituto:

            Como perspectiva de viagens, esperamos propagar conhecimentos e também colhê-los com grandes profissionais da área, a fim de que todos possam contribuir com sua parte nos eventos em que participaremos. A nossa sala e instalações são condicionantes para a pesquisa, e nos proporcionam um grande espaço para troca de idéias. No geral, as instalações são excelentes.

            O grupo já participou de Workshop sobre Empreendedorismo e Inovação em Palmeira dos Índios, já representou o Instituto em oficinas de Animação que foram realizadas em Olinda-PE, Animage. Ministrará mini-curso no IV EIC (Encontro de iniciação científica) e apresentará seu projeto no VI Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte e Nordeste de Educação Tecnológica (CONNEPI) em Natal-RN, que acontecerá nos dias 16, 17 e 18 de dezembro. Fará presença também no Blender Pro 2011 - um importante congresso que será realizado em Salvador-BA (9 a 12 de novembro).

 

            Atualmente a quantidade de trabalhos realizados com animação vem crescendo de forma notável: na produção de filmes para o cinema, nas engenharias, na propaganda e publicidade e até na medicina. Contudo, a quantidade de profissionais que atuam na área ainda é limitada, pelas dificuldades de acesso às qualificações. Para se ter uma idéia o custo de um curso em animação 3D pode ultrapassar o valor de R$ 15.000,00, o que o deixa inacessível para pessoas que não possuem capital para investimento na área. Outro fator preponderante é a ausência do curso de cinema nas faculdades publicas do país e na região nordeste são poucas as instituições privadas que oferecem essa qualificação.

            Este projeto de pesquisa surge a partir da possibilidade e do interesse em desenvolver trabalhos voltados para construção de curtas metragens, animação de personagens e cinema, visto que o nordeste não conta com pólos de criação de animação e de comerciais para televisão. O interesse da comunidade no assunto é também um fator motivador para que seja implantada a pesquisa neste campus, que se destaca em feiras e amostras nacionais em outros quesitos tecnológicos.

            A animação e o cinema é uma forma de linguagem que promove educação e entretenimento. A rede pública de educação tecnológica não pode ficar de fora deste mundo digital e deve ser fomentadora de novos talentos e difusora dos conhecimentos, proporcionando novas descobertas e contribuindo para o desenvolvimento artístico, cultural e tecnológico articulando-se com o ensino e participando do desenvolvimento humano e regional, visando a inserção de pessoas neste emergente mercado de trabalho. 

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